Translate

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A Mulher no Islam - Parte 6 - DAR O TESTEMUNHO

Por: Sherif Abdel Azim


    Outra questão, na qual o Alcorão e a Bíblia discordam, é a que se refere
ao testemunho da mulher. Na verdade, o Alcorão instruiu os crentes a fazerem
transações financeiras com o testemunho de 2 homens ou 1 homem e 2 mulheres
(2:282). Contudo, é também verdade que o Alcorão, em outras situações, aceita
o testemunho da mulher tão igual quanto ao do homem. Realmente, o
testemunho da mulher pode mesmo invalidar o do homem. Se um homem
acusa a sua esposa de falta de castidade, exige-se dele um juramento solene
pelo Alcorão, por 4 vezes, como evidência da culpa de sua esposa. Se a esposa
nega e jura igualmente 4 vezes, ela não é considerada culpada e em qualquer
dos casos o casamento é dissolvido (24:6/11).
    Por outro lado, as primeiras sociedades judaicas(12) não permitiam o
testemunho feminino. Os rabinos contavam entre as 9 maldições infligidas às
mulheres por causa da queda, a de não ser capaz de prestar testemunho (ver a
secção "Legado de Eva"). Hoje, em Israel, as mulheres não podem apresentar
provas em cortes Rabínicas(13). Os rabinos justificam o fato de as mulheres não
poderem prestar testemunho, citando o Gênesis 18:9/16, onde está estabelecido
que Sara, esposa de Abraão, havia mentido. Por causa desse incidente, os rabinos
desqualificaram o testemunho feminino. Deve-se notar que esta história narrada
em Gênesis 18:9/16 foi mencionada mais de uma vez no Alcorão, sem qualquer
sugestão de que Sara houvesse mentido (11:69/74, 51:24/30). No Ocidente
cristão, as leis civis e eclesiásticas proibiam as mulheres de dar testemunho
até o final do século passado (14).
    Se um homem acusa a sua mulher de infidelidade, o testemunho dela,
segundo a Bíblia, não será considerado de maneira nenhuma. A esposa acusada
tinha que ser submetida a um julgamento penoso. Neste julgamento, a esposa
enfrentava um ritual complexo e humilhante, no qual se supunha provar a sua
culpa ou inocência (Números 5:11/31). Se ela fosse culpada seria sentenciada
à morte. Se ela fosse inocente, o seu marido seria inocentado de qualquer
injustiça. Além disso, se um homem toma uma mulher como esposa e, então, ele a acusa de não ser virgem, o testemunho dela não será levado em conta. Os
seus pais tinham que trazer provas da sua virgindade ante os mais velhos da
cidade. Se os pais não pudessem provar a inocência da sua filha, ela seria
apedrejada até a morte na soleira da casa de seus pais. Se os pais fossem capazes
de provar a sua inocência, o marido seria obrigado a pagar uma multa e não
poderia divorciar-se da esposa enquanto ele vivesse:

"Quando um homem tomar mulher e, depois de coabitar com ela, a
desprezar, e lhe imputar coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama,
dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ela, porém não a achei virgem;
então o pai da moça e sua mãe tomarão os sinais da virgindade da moça, e
levá-los-ão aos anciãos da cidade, à porta; e o pai da moça dirá aos anciãos:
Eu dei minha filha por mulher a este homem, porém ele a despreza; e eis que
lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem a tua filha; porém
eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa diante
dos anciãos da cidade. Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquele
homem, e o castigarão. E o multarão em cem siclos de prata, e os darão ao pai
da moça; porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será
por mulher, em todos os seus dias não a poderá despedir. Porém se isto for
verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça, então levarão a
moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até
que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim
tirarás o mal do meio de ti." (Deuteronômio 22:13/21)



12. Swidler, op. cit., pág. 115.
13. Lesley Hazleton, Israeli Women The Reality Behind the Myths (Nova -York: Simon e
Schuster, 1977) p. 41.
14. Gage, op. cit. pág. 142.

Nenhum comentário:

Postar um comentário