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domingo, 1 de maio de 2016

Um Diálogo Entre Cristãos E Muçulmanos - parte 3

Assalamu Aleikum.


    Aqui uma série de posts do Livro "Um Diálogo Entre Cristãos E Muçulmanos", infelizmente não sei o autor, mas assim que souber vou dar-lhe os devidos méritos. Allah sabe mais. O livro é muito bom, então resolvi colocar aqui.






O Julgamento e a Salvação


    Falamos sobre Deus, sobre os humanos e sobre as relações entre eles. O que dizer
sobre o julgamento? Como podemos nós, humanos, de uma perspectiva islâmica,
dominar o "pecado"? O Alcorão ensina que a vida é um teste, que a vida terrena é
temporária.

"Que criou a vida e a morte, para testar quem de vós melhor se comporta, porque
é Poderoso, o Indulgentíssimo.'' (Alcorão Sagrado, surata Al Mulk 67:2).

    O muçulmano acredita que há uma recompensa e uma punição, que existe vida depois
da morte e que a recompensa ou a punição não precisa, necessariamente, esperar
pelo dia do Julgamento, mas começa imediatamente após o enterro. O muçulmano crê
na ressurreição, na prestação de contas e no dia do Julgamento.
Para o muçulmano, exigir a perfeição, a fim de ganhar a salvação, não é prático. Não
só é exigir o impossível como, também, é injusto.

    O Islam ensina uma pessoa a ser humilde e a saber que nós não alcançamos a
salvação por nossa própria conta. A reconciliação do ser humano "pecaminoso" com
Deus é uma contingência de três elementos: o mais importante é a Graça, Misericórdia
e Generosidade de Deus. Depois, são as boas ações e uma crença correta.

    Crença correta e boas ações são requisitos indispensáveis para a Graça e Perdão de
Deus e para nos elevarmos acima de nossos erros. Como podemos nos purificar do
pecado? O Alcorão prescreve:

"E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido),
implorar o perdão de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente,
Misericordiosíssimo." (Alcorão Sagrado, surata An Nissá 4:110)

Em outra passagem comovente, lemos:
"Porque as boas ações anulam as más" (Alcorão Sagrado, surata Hud 11:114)

    O Islam nos ensina o arrependimento, a interrompermos os caminhos do mal, a sermos
solidários com o que alguém fez e a aconselharmos o caminho de Deus, tanto quanto
seja humanamente possível.

    O muçulmano não crê na necessidade do derramamento de sangue, muito menos do
sangue do inocente, para purificar os pecados. Ele acredita que Deus não está
interessado no sangue ou no sacrifício de ninguém, mas, sim, no arrependimento
sincero. O Alcorão coloca isto muito claramente:

"Mas, Minha Misericórdia se extende a todas as coisas." (Alcorão Sagrado, surata

Al A'raf 7:156).



Os Aspectos Aplicados


    Que o ser humano é o procurador de Deus na terra, seria inconsistente para um
muçulmano separar os vários aspectos da vida, o espiritual e o material, estado e
religião.

    Sabemos bastante sobre os "cinco pilares do Islam", mas, muitas vezes, eles são
apresentados de uma forma superficial, como sendo todo o conjunto do Islam. Eles não
são o conjunto do Islam, da mesma forma que ninguém pode alegar que tem uma casa
funcional composta exclusivamente de cinco pilares de concreto. Serão necessários,
telhado, paredes, janelas, portas e outras coisas.

    Conforme os construtores dizem, os pilares são condições necessárias, mas não o
suficiente. Os cinco pilares do Islam (o testemunho, as cinco preces diárias, o jejum, a
caridade, a peregrinação) são apresentados por muitos escritores como questão de
ritual formal. Mesmo o pilar que é passível de parecer ritualístico, as preces diárias,
nada mais é do que um ato espiritual que envolve muito mais do que simplesmente
prostrar ou levantar.

    Na verdade, são lições políticas e sociais que ensinam o muçulmano. O que pode
parecer como compartimentos separados da vida não existem para o muçulmano. Um
muçulmano não diz "Isto é um negócio e aquilo é moral". Moral, espiritual, econômico,
social e governamental estão interrelacionados, por que tudo, inclusive César, pertence
a Deus e a Deus tão-somente.


As Relações Entre os Muçulmanos e os Não-Muçulmanos


    Concluindo, qual a atitude de um muçulmano em relação a um não muçulmano? Para
começar, e precisamos ser francos sobre isto, o Alcorão nos incumbe de transmitir a
mensagem de Deus, em sua forma final, o Alcorão, a toda a humanidade.

    Não estamos falando aqui de conversão. Não gosto desta palavra. Na verdade, vir para
o Islam, a religião de todos os profetas em sua forma final, não significa abandonar os
profetas anteriores.
   É muito mais um acréscimo do que uma conversão, porque não envolve mudanças de
natureza espiritual. No Alcorão, a natureza humana genuína é uma "natureza
muçulmana", que conhece seu Senhor e deseja se submeter a Ele. O Alcorão afirma
que:

"Não há compulsão na religião" (Alcorão Sagrado, surata Al Bacara 2:256)

    Costumo usar o termo "reversão" para substituir a palavra "conversão", no sentido de
um retorno ao monoteísmo autêntico, dentro do qual todos fomos criados. Assim, o
muçulmano aprende a ser tolerante em relação aos outros. De fato, o Alcorão não só proíbe a compulsão na religião, como, também, proíbe a agressão, embora a defesa
seja permitida:

"Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem, porém não
pratiqueis a agressão, porque Deus não estima os agressores." (Alcorão Sagrado,
surata Al Bacara 2:190).

    Além disso, achamos que, dentro desta regra geral de lidar com não muçulmanos, o
"povo do Livro" é um termo especial que o Alcorão concedeu a judeus e cristãos.

    Por que "povo do Livro"? Porque o muçulmano faz uma nítida distinção entre o
politeísta, ou ateu, e aqueles que seguem os profetas que originalmente receberam
revelações de Deus. Ainda que um muçulmano possa assinalar pontos de diferenças
teológicas, ainda assim acreditamos na origem divina daquelas revelações em suas

formas "originais".

    Como um muçulmano deve tratar o "povo do Livro"? Diz o Alcorão:

"Deus nada vos proíbe, quanto aqueles que não vos combateram pela causa da
religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com
gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. Deus vos proíbe tão somente
de entrar em privacidade com aqueles que vos combateram na religião,
vos expulsaram de vossos lares ou que cooperaram na vossa expulsão. Em
verdade, aqueles que entrarem em privacidade com eles serão iníquos." (Alcorão
Sagrado, surata Al Mumtahana 60:8-9)

    No mundo de hoje, todos os crentes em Deus estão encarando perigos comuns:
ateísmo, materialismo, secularismo e decadência moral. Devemos trabalhar juntos.
Deus diz no Alcorão:

"... se Deus quisesse, teria feito de vós uma só nação; porém, fez-vos como sois,
para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu. Emulai-vos, pois, na
benevolência, porque todos vós retornareis a Deus, o Qual vos inteirará das
vossas divergências." (Alcorão Sagrado, surata Al Máida 5:48)

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