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domingo, 1 de maio de 2016

Um Diálogo Entre Cristãos e Muçulmanos

Assalamu Aleikum.


    Aqui uma série de posts do Livro "Um Diálogo Entre Cristãos E Muçulmanos", infelizmente não sei o autor, mas assim que souber vou dar-lhe os devidos méritos. Allah sabe mais.
O livro é muito bom, então resolvi colocar aqui.



    Com bilhões de seguidores, o Islam e o Cristianismo são as principais religiões que
influenciam o pensamento e valores de mais de 40% da população mundial.
Embora existam diferenças teológicas, algumas das quais podem ser significativas, há,
no entanto, outras áreas importantes da crença que são partilhadas por ambas as
comunidades: crença em Deus; crença na revelação, nos profetas, nos Livros
Sagrados de Deus; na vida após a morte e num código moral divinamente inspirado,
que organiza e regula a vida humana durante nossa passagem pela terra em direção à
eternidade.

    Para o muçulmano, um diálogo construtivo não só é permitido como, também, é
recomendável. No Alcorão lemos:

"Dize-lhes: Ó adeptos do Livro (um termo que particularmente se refere a judeus
e cristãos), vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós:
Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir
parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus.
Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos."
(Alcorão Sagrado, surata Al Imran 3:64)

A metodologia desse diálogo também está explicada no Alcorão: 

"Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela
exortação; dialoga com eles de maneira benevolente." (Alcorão Sagrado, surata An
Nahl 16:125).

    Um requisito indispensável para um diálogo construtivo, é que ambas as comunidades
não se conheçam através de fontes que sejam parciais, críticas ou até hostis; pelo contrário, elas devem formular uma idéia honesta de como a outra fé é vista em suas
próprias escrituras, e como é praticada por aqueles que verdadeiramente estão
comprometidos com ela.

    Esta necessidade é até mais importante no caso do diálogo Muçulmano x Cristão, o
cristão comum ouviu ou leu sobre o Islam, principalmente através de escritores que
tinham motivos coloniais ou missionários que podem ter conferido uma certa
parcialidade em sua interpretação do Islam na mente ocidental.

    Conquanto eu admita que minha própria prática do Islam está longe de ser perfeita,
pelo menos eu falo como alguém que quer pensar por si mesmo, com um muçulmano
praticante e comprometido.

    Agora, gostaria de partilhar com vocês cinco áreas básicas, que são fundamentais para
qualquer entendimento entre cristãos e muçulmanos: o significado do termo "Islam", o
significado do termo "Deus"; a natureza do ser humano; a relação entre o ser humano e
Deus; a questão do acerto de contas, e, finalmente, algumas conclusões pertinentes à
construção da ponte entre muçulmanos e cristãos.



O Significado Do Islam


    Importante assinalar que o termo "Islam" não é derivado de qualquer nome de
pessoa, raça ou localidade em particular. Um muçulmano considera o termo usado por
alguns escritores, "maometismo" ,com sendo uma violação ofensiva do verdadeiro
espírito dos ensinamentos islâmicos.

    O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), não é
adorado, ou respeitado, por ser o fundador do Islam, ou o autor do Livro Sagrado, o
Alcorão. O termo "Islam" aparece em mais de um lugar no próprio Alcorão. Ele é
derivado da raiz árabe (salam), que tem a conotação de "paz" ou "submissão".

    Na verdade, o próprio significado de "Islam" é a realização da paz, tanto a interna como
a externa, pela submissão de alguém à vontade de Deus. E quando nos submetemos,
estamos falando de consciência, amor e submissão verdadeira à vontade de Allah, de
aceitação de Sua graça e de seguir Seu caminho.

    Neste sentido, o muçulmano respeita o termo Islam, não como uma inovação que
chegou no século VII da era cristã, com o advento do Profeta Muhammad (que a Paz
e a Bênção de Deus esteja sobre ele), mas como a missão básica de todos os profetas
através da história. Aquela missão universal finalmente culminou e se aperfeiçoou no
último desses Profetas, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja
sobre ele).



Monoteísmo Islâmico


    O próximo conceito que necessita de ser esclarecido é o termo "Allah", qual o seu
significado? Primeiramente, deve ser enfatizado que o termo "Allah" , em absoluto,
significa um deus tribal, ou árabe, ou até mesmo um deus muçulmano.
O termo "Allah" em árabe quer dizer o Deus Universal Único e Verdadeiro de todos.
Achar que Allah é diferente de Deus, com letra maiúscula, seria o mesmo que dizer,
por exemplo, que a adoração a Deus dos cristãos franceses é diferente porque eles O
chamam de "Dieu".

    Quais são os atributos básicos de Deus? O Alcorão menciona os "mais belos nomes"
(ou atributos) de Deus. Ao invés de enumerá-los todos, vamos examinar uns poucos.
Alguns atributos salientam a transcendência de Deus. O Alcorão, repetidamente, torna
claro que Deus está além de nossa percepção limitada.
"Nada se assemelha a Ele" (Alcorão Sagrado, surata Ach Chura 42:11)
"Os olhares não podem percebê-Lo, não obstante Ele Se aperceber de todos os
olhares."

    Um muçulmano jamais pensa em Deus como possuindo uma imagem em particular,
seja física, humana, material ou qualquer outra. Tais atributos como, "O Perfeitamente
Conhecedor", "O Eterno", "O Onipotente", "O Onipresente", "O Justo" e "O Soberano"
também realçam essa transcendência.

    Mas, isto não quer dizer que, para o muçulmano, Deus seja um simples conceito
filosófico ou uma divindade afastada. Na verdade, juntamente com esta ênfase sobre a
transcendência de Deus, o Alcorão também fala sobre Deus como sendo um Deus
"pessoal", que está perto, facilmente acessível, Amoroso, Perdoador e Misericordioso.
As muitas passagens no Alcorão, e repetidas inúmeras vezes são o "Em nome de
Deus, o Clemente, o Misericordioso ! " O Alcorão nos diz que quando Deus criou o
primeiro ser humano:

"então, alentou-o com o Seu Espírito," (Alcorão Sagrado, surata As-Sajda 32:9)

E que:
"Deus está mais próximo do homem do que sua veia jugular."

Em outra bela e comovente passagem, Deus nos diz :
"Quando meus servos te perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e
ouvirei suas preces quando a Mim se dirigirem. Que eles respondam ao Meu
chamado e obedeçam às Minhas ordens e eles serão encaminhados
acertadamente."

    Para o muçulmano, o monoteísmo não significa somente a unidade de Deus, pelo
simples fato de que pode haver muitas pessoas diferentes em uma unidade. O
Monoteísmo no Islam é a Unidade e a Unicidade Absolutas de Deus, o que torna
impossível a noção de outras pessoas partilhando a divindade.

    O oposto ao monoteísmo no Islam é chamado em árabe de "shirk", que significa
associação de Deus com outros. Esta noção inclui, não somente o politeísmo mas,
também, o dualismo (crença na existência de um deus para o bem e a luz, e de outro
para o mau ou a escuridão).

    O conceito de "shirk" também inclui o panteísmo, a idéia de que Deus está em tudo.
Todas as formas de filosofias sobre um deus encarnado estão excluídas do
monoteísmo islâmico, tais como obediência cega a ditadores, a clérigos ou aos
caprichos e desejos de quem quer que seja.

    Todas são consideradas como formas de "associação" com Deus (shirk), seja pela
crença de que tais criaturas de Deus possuem divindade, seja pela crença de que elas
partilham os Atributos Divinos de Deus.

    Deve-se acrescentar que, para o muçulmano, o monoteísmo não é simplesmente um
dogma. O monoteísmo puro e estrito do Islam é muito mais do um pensamento ou uma
crença; é alguma coisa que influencia profundamente toda a perspectiva de vida do

muçulmano.


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